quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

SE EU NÃO FOSSE UM MONSTRO


https://www.google.com.br/search?q=monstro&espv=2&biw=1366&bih=627&tbm=isch&imgil=ay3SOsUzuqrHjM%253A%253BzSZQqHIU8eQffM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fpt-br.harrypotter.wikia.com%25252Fwiki%25252FMonstro&source=iu&pf=m&fir=ay3SOsUzuqrHjM%253A%252CzSZQqHIU8eQffM%252C_&usg=__kHfnQ812Sb7PHwhMfkLDoTe7Bmw%3D&ved=0ahUKEwjG3Imlp5jRAhXHi5AKHfDwD9kQyjcINA&ei=Vm5kWMbZKseXwgTw4b_IDQ#tbm=isch&q=m%C3%A1scara&imgrc=Er3TfW1GmSs0rM%3A


em sua última versão
ele vem requintado
e rir tão bem
quanto sabe chorar
e papel de artista
é-lhe mera faceta,
em faces diversas
filhas da hora;
seu abraço de urso,
seu sorriso amigo,
seu dente de ouro,
uma vida custou;
seu deus tão terrível,
seu bom inimigo,
seu cérebro cifrado,
sua mão já vermelha,
meu sonho redondo
esquadrinhou;
seu nome de homem,
seu choro infantil,
uma pobre mulher já enxugou;
seu caso e descaso
viu que a vida
via
então lhe furou os olhos
pra negar-lhe a dor.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

JOGO DE PODER


https://www.google.com.br/search?q=jogo+de+poder&espv=2&biw=1366&bih=627&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwj-z7zGooXRAhVEhpAKHXyEDmEQ_AUICCgD#tbm=isch&q=poder+da+corrup%C3%A7%C3%A3o&imgrc=hkuhNgl0NIAbiM%3A


          
     O jogo que leva uma pessoa ao “poder”, via de regra, não “obedece” regras, isso porque, à luz dos fatos, as pessoas que têm manifestado ambições pelo poder, em tese, têm colocado essa conquista acima de qualquer pudor. O comportamento de tais pessoas demonstra que elas confiam em que o suposto poder abrir-lhes-á, senão todas as portas, ao menos as que elas acreditam necessárias à “felicidade” pensada, mais uma vez, vitória do conluio pragmático sobre o escrúpulo.
     O país em que vivemos apresenta um repertório vastíssimo de exemplos tão bem registrados e reconhecidos que a ninguém cabe o papel de ingênuo ante a vitrine do terror que se expõe perante todos. Se esses exemplos se restringiam, em tempos idos, ao campo da política, ou eram muito bem escondidos do público ou seus autores eram muito mais competentes, diga-se, o mal era maior, pois ora se espraiam, abundante e escandalosamente, por todos os poderes, inter e intra, institucionalmente.
     A política e o judiciário parecem definitivamente devassados pela sanha luxuriosa do desespero descrente da eternidade que lhes resta, já não cuidam de enganar nem tampouco com os holofotes que lhes pintam com as mesmas tintas, abandonaram de vez as sombras. Também já não parece restar cúmplices, senão circunstanciais, sobrando mesmo, adversários ferozes, ainda que “irmãos”. As posições almejadas, nas escadas da vida, desafiam a integridade que resta na mente, ainda simplória da plateia retardatária, semeando, persistentemente, a descrença nos últimos alvissareiros.
     Em um estado “democrático”, o Poder Judiciário seria a última e sempre viva esperança de correção de abusos, mas no momento em que se perde a confiança nesta instituição, perde-se, igualmente, a esperança em qualquer equilíbrio por direito. Nossos interesses particulares não deveriam jamais se sobrepor aos da coletividade, sob pena de aceitarmos a raia do ridículo como nosso último reduto moral.



“NUNCA O MAIS FORTE O É TANTO PARA SER SEMPRE SENHOR, SE NÃO CONVERTE A FORÇA EM DIREITO, E EM DEVER A OBEDIÊNCIA…”.[1]















[1] Jean-Jacques Rousseau – Do Contrato Social.

sábado, 10 de dezembro de 2016

A POLÍTICA DOS ACORDOS


httpswww.google.com.brsearchq=acordo+pol%C3%ADtico&biw=1366&bih=627&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwj23fm18vHQAhVDQpAKHZj0ASUQ_AUIBygC#tbm=isch&q=acordo&imgrc=VHEqfif05kW-vM%3A

     
     É importante que todas as pessoas tenham ou construam a noção mais ampla e imparcial possível do que é política, do que é acordo e do que são as razões que motivam os acordos. Para que consigamos um nível de razoável consenso, precisaremos considerar que vivemos uma realidade conceitual, isto é, onde tudo parece submetido a conceitos estabelecidos por instituições e/ou colegiados, quer arbitrários, quer democráticos. Não parece prudente defendermos que descobertas e invenções tenham sido conceituadas por outrem senão por quem lhes concebera, daí, dicionários para todos os gostos.
     O filósofo alemão, Immanuel Kant, disse: "Tudo o que não puder contar como fez; não o faça! Se há razões para não contar; há para não o fazer."[1] Naturalmente que a teoria é infinitamente simplista ante a praticidade dos acontecimentos. Não obstante a distância entre a teoria e à prática é certo que quem pleiteia direitos não pode se esquivar de deveres, e, assim sendo, acordos feitos sob a sombra da transparência deixam rastros não identificáveis, apontando para procedimentos suspeitos, conluios nocivos, talvez criminosos, contra o que, nem sempre se tem tempo hábil para se impedir suas consequências.
     Este texto tem a pretensão de provocar em cada leitor/a a necessária reflexão acerca do tema e de sua extensão em cada um/a, afinal, é sabido que por mais despudorada que sejam as políticas brasileiras, mais especificamente a partidária, nós, como motor dessa sociedade, é quem lhes molda para ser o que é. O político não veio de um planeta estranho a nós, ele é um de nós, e se ele faz a política podre que temos, é porque nós a fazemos. Cada acordo feito representa um fruto de nossa política, fruto esse que não tem de ser, necessariamente, podre, o que vai depender dos termos que o conceberá.
     Um acordo pode salvar uma cidade, ou exterminar uma nação e qualquer que seja ele a política será sua progenitora e os titulares dessa política terão em nós o suporte que lhes garante a necessária confiança e poder para colocar em prática suas ideias, salvacionistas ou exterminadoras. Percebe-se que ainda prevalece em nós um sentimento que apequena a razão, provocador de um partidarismo não raramente cego, passional, um misto de ideologia pragmatizada capaz de nos reduzir a míseros fantoches despidos de qualquer vestígio de bom senso.

NÓS ESCOLHEMOS SER O QUE SOMOS, NÃO ADIANTA CULPAR BRASÍLIA.




[1]https://pensador.uol.com.br/frase/MTkzMjg1OA/