quinta-feira, 28 de abril de 2016

O SIGNO DA PROPINA

     
http://www.blog.calheira.com/

     O Brasil parece viver sob o signo da propina, tamanha sua preferência pelas facilidades do ilícito. Tantos conselhos recebemos de pais e mestres, tantos castigos por nossos desvios, mesmo os mais comuns da juventude, tantas críticas de todos os lados por nosso pouco jeito com esta ou aquela “coisa”, tantas receitas pareciam nos “condenar” ao sucesso ético e moral, tão poucos exemplos dignos vemos e tantos outros a assustar quem acreditou nas “boas lições”.
     A propina parece está para a política partidária brasileira, conforme as mais diversas fontes, assim como o Papa está para Roma, pode-se dizer, fato suficiente para escandalizar qualquer povo, pretensamente de bem. Tal situação colocaria, nós brasileiros, em uma posição de desmoralização total. Qualquer que seja a esfera onde se faça política partidária no Brasil, a “propina” é um combustível indispensável, mesmo que tal palavra jamais seja pronunciada e haja, inclusive, quem a recuse, o que certamente há, para salvar a exceção, sem, contudo, representar obstáculos a seus adeptos.
     A propina, na política brasileira, representa um tipo de senha, sem a qual o político não é levado a sério, ela se tornou sistêmica, ou orgânica, conforme pretendamos, e é claro que todos sabem que ela não é propriedade nem produto de político, mas de toda sociedade, pessoas e instituições. Combatê-la, não deixa de soar fantasioso, especialmente, por ainda parecermos ignorar que tal combate terá de ser iniciado na formação do combatente. Ah, mas por quem? Boa pergunta.
     O brasileiro precisa ser reeducado, mas, naturalmente, que essa tarefa precisa ser assumida e praticada de cima para baixo. Assim como o Estado se impôs e hoje não podemos dispensá-lo, uma formação ética precisa ser imposta sob um novo conceito de responsabilidade. Não é razoável que uma pessoa, dita normal, ignore o direito de outra a ponto de atropelá-lo, enquanto defende o seu com a ferocidade de um cão.
     A legislação brasileira precisa estar em sintonia com a moralidade, tanto na teoria quanto na prática, assim como os homens públicos precisam estar acima de qualquer suspeita. Cargo público, qualquer que seja, precisa ser conquistado via concurso público, jamais por indicação política. A política não pode ser carreira, e a sociedade não pode ser vítima de casuísmos. Tudo isso pode se tornar realidade, quando a propina for combatida e vencida, até que nos envergonhemos de ser desonestos.
     Nas discussões mais comuns, acerca do mundo político, a ignorância aliada à hipocrisia, cada uma sob a máscara que lhe cabe, escolhem seus defensores, enquanto esta se vale da sutileza pragmática de quem sabe o efeito de cada gesto comunicativo, aquela, mais intempestiva, agarra-se à “fé” ideológica temperada, sob medida, com seus sentimentos mais egoístas.

MUDE VOCÊ E NÓS MUDAREMOS O MUNDO.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

UMA REFLEXÃO LEVE SOBRE A DEMOCRACIA


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           O tema mais discutido no mundo, talvez seja esse, a democracia, ou processo democrático, conforme o entendimento, a realidade ou o interesse de quem o analise. Esse é o retrato que fica das análises dos que não abrem mão de acompanhar e participar dos acontecimentos.
     Naturalmente, que aquilo que intitulamos como regra, não enquadra todos, ficando desde sempre escancarado o que poderia vir a ser a democracia, um gigantesco palco de debates, debates de toda ordem, exatamente o que poderá apontar para onde caminhamos, um “teatro” sem autoria exclusiva nem duração pré-determinada.
     Quando as cortinas forem arriadas e começarmos a deixar o salão, dificilmente não dispensaremos nossos últimos olhares ao palco, ora apagado, e a partir daí, provavelmente, já começaremos nossas considerações.
     Embora possamos ter pensado a democracia como algo próximo à humanidade, tudo parece apontar mais para a verdadeira heterogeneidade, claro que movida por todos os possíveis tipos de combustíveis, menos pela harmonia, tais termos aqui, certamente, não serão tão convergentes.
     O que é observado no Brasil não foge à regra, ao contrário, a confirma, pena que esse remédio seja tão amargo para o povo.  Observa-se também que a política partidária representa, talvez, a verdadeira oficina onde todas essas discussões são, inicialmente, processadas, o palco aonde as pessoas vão, invariavelmente, atuando de modo a não segurar, por tanto tempo, suas verdadeiras intenções.
     Não parece demais afirmar que as siglas partidárias poderiam ser apontadas, senão como máscaras a ocultar indivíduos transvestidos, coadjuvantes da tragédia humana, como qualquer coisa sem maior relevância, perante agregados tão fisiológicos, logo, tão circunstanciais.
     Quantos não morremos e matamos nesse processo? Quero acreditar que para quem morre ou perde seu ente querido, o tamanho ou a dimensão da guerra é o que menos importa, seja ela de rua ou mundial.
     A política partidária envolve, com todas suas intenções, todas as outras, daí degringolando os processos em função de interesses inescrupulosos, o que provoca todas as revoltas registradas pela humanidade, quer arbitrário, quer democraticamente.
     Um modelo de vida não pode ser convertido em discursos nem tampouco em teorias, precisamos vivê-lo em nossas práticas cotidianas, em nossas relações e decisões. Parte significativa dos discursos, ditos democráticos, estaria mais para pregações estúpidas e espúrias do que qualquer tentativa séria de comunicação.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

O FEITIÇO E O FEITICEIRO

     
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     O Brasil parece viver em uma “bolha”, ante sua insistência em resvalar para algum pressuposto, o que infere a seriedade apontada por De Gaulle[1], pois não é razoável que o brasileiro seja tão, insistentemente, tratado como alguém incapaz de formar um juízo coerente de suas próprias realidades, contemporânea e histórica.
     É sabido que no bojo de um projeto de governo, coexistem todas as políticas necessárias ao desenvolvimento do “país” em questão, o que aponta para a afirmativa de que são muitas as políticas existentes e praticadas sob a égide do gestor público, ou seja, a econômica, a de educação, a ambiental, a de segurança etc. Entretanto, a política que pretendo questionar aqui é a da Segurança, e para começar, faço esta pergunta: você, brasileiro, se sente seguro em sua cidade?
     A resposta a essa pergunta deve ser pensada, não que a imaginemos difícil, pois cada um sabe de si, mas pelas razões que deve levar cada um à sua resposta, ao porquê de tal resposta ser esta e não aquela. Lembremos quando nos telejornais, às reportagens sobre violências praticadas em diversas localidades, seguem notas da Secretaria de Segurança Pública local afirmando que as rondas policiais ali são regulares. Com isso, já não parece demais aceitar que o Estado brasileiro jogou seu povo à própria sorte, ou melhor, à sanha dos “criminosos”.
     O que é isso? Pressupondo que os jornais estejam falando a verdade, as notas da Secretaria de Segurança Pública estariam condenadas a um único caminho, ao da confissão de sua incompetência, pois, havendo rondas regulares, não seria razoável se pressupor a prática constante da violência sem que esta fosse percebida e coibida pelas forças da segurança. Mas, já que o país vive pressupondo, vamos pressupor que a Secretaria de Segurança Pública esteja com a verdade, assim sendo, as reportagens dos telejornais estariam mentindo? Por quê
     Uma leitura, mesmo que superficial, da realidade que cerca o brasileiro, poderá apontar os quadros que mais preocupam a sociedade, e a grande preocupação pode até ser a violência em si, mas, suas causas são bem mais perversas. “Todo progresso” trará sua dose de crueldade, e a sociedade será mais, ou menos, sua vítima, conforme suas escolhas, progressistas, ou conservadoras.