https://www.google.com.br/search?biw=1366&bih=626&tbm=isch&sa=1&ei=pj__W7XBIsWMwwSTkpX4Cg&q=o+vazio+do+palco&oq=O+VAZIO+DO+PALCO&gs_l=img.3.0.35i39.33730.37201..39589...0.0..0.296.2278.0j11j2......1....1..gws-wiz-img.......0i8i7i30j0i8i30.34rg4EwPpB4#imgrc=tmX8McO59u1-AM:
Senhores,
senhoras, senhorias e excelências, a dor do mundo pede, em gritos, que
levantemos nossas bundas do sofá e acudamos nossas vítimas, sob pena de não
termos a quem sacrificar amanhã. É isso mesmo, todos sabemos que nossa sociedade
é uma fábrica de máscaras, e que, incrivelmente, há uma, sob medida, para cada
um de nós.
Ninguém
ignora que ao violarmos a natureza, instituímos a citada fábrica como salvo
conduto para nossa barbárie, mesmo cientes de que as cortinas não fariam,
suficientemente bem, o papel de nos esconder da plateia. Já não sabemos viver
senão no palco, escapamos à originalidade, resta-nos continuar barbarizando em
mão dupla, só assim aprendemos a rir e a chorar. E essa lição nos arranca, sem
que percebamos, da cadeira das vítimas, e nos gradua como atores de medíocre
banalização.
O
teatro se tornou ininterrupto, ninguém pode fazê-lo parar, ele brota do mais
profundo e desconhecido mundo de cada personagem, sempre em cena, que já não se
prende a um palco particular, apenas obedece a roteiros quase autômatos. E assim,
nos matamos reciprocamente, destruímos tudo que não se traduza na falsa certeza
da luxúria convincente de que a recompensa está garantida. Não será ilusão?
E
a máscara consegue nos fazer acreditar que estamos a salvos, por mais que a
certeza torturante, instalada em nosso íntimo, nos contrarie, nos impedindo de
deixarmos o palco, onde rimos e choramos a desgraça de nossa dor. Não importa o
tecido que nos cobre a face, esta está putrefata, e quer a lágrima, quer o
riso, já não traduz senão o descaminho do errante por ausência de caminho.