Olá motoristas de todo
o Brasil, por onde quer que vocês andem, onde quer que vocês estejam que voltem
em paz para casa.
Através desta, eu quero
compartilhar com vocês minhas experiências e angústias adquiridas e sofridas a
cada quilômetro rodado, e são poucos, especialmente, nas estradas federais do
Brasil, claro, o que não isenta as estaduais nem municipais.
Observando as mudanças
impostas ao trânsito, em todos seus aspectos, é assustador o que se pode
constatar: quer o abandono das estradas, quer a fome insaciável do governo por
tirar dinheiro dos (as) motoristas em nome da arrecadação, quer o descaso,
quase criminoso, para com a vida dos (as) motoristas, dos pedestres, dos
familiares de ambos e de todas as pessoas que, direto ou indiretamente, usam o
trânsito como meio de vida ou de alguma forma precisam interagir com ele.
Nesta carta, não pretendo
nem poderia falar de toda a investida do governo, ou de sua ausência, contra
quem trabalha ou vive do trânsito, vou focar, especialmente, em um ponto que
atinge a qualquer pessoa que dirige pelas estradas federais, profissionalmente,
ou não.
Ainda não faz muito
tempo, os trechos próximos às áreas urbanas, diga-se, perímetros urbanos, eram
protegidos contra os acidentes causados por excessos de velocidade, por
respeitáveis/respeitados “QUEBA-MOLAS”, que impediam que motoristas, desavisados
(as) ou irresponsáveis, atropelassem pessoas e/ou animais, impondo sérios danos
a suas vidas e ao Estado que ficava com o custo dos tratamentos.
Pois bem, já um pouco
mais recente, o governo federal, demonstrando todo seu descaso, beirando ao
sadismo, para com as pessoas e suas vidas, retira/reduz os “QUEBRA-MOLAS” dos
perímetros urbanos, expondo motoristas, pedestres e animais a uma situação, na
melhor das hipóteses, de extrema/grande vulnerabilidade. Pois, com a
retirada/redução do “QUEBRA-MOLA” os pedestres terão que se reeducar, os
animais, que eventualmente, passam por ali, esses não, esses poderão, possivelmente,
ser atropelados, e assim se estabelecer situações de risco à vida, quer do
animal, pedestre ou motorista; quem ganha o que, com isso?
Quanto mais fundo, uma
faca ou uma bala atingir um corpo animal vivo, maior poderá ser essa tragédia, concorda?
Pois bem. A perspicácia com que o governo federal afunda a mão no bolso do
trabalhador assusta os grandes pensadores da indústria do crime do assalto. E
não é apenas a coragem assustadora de investir contra o boldo do trabalhador do
trânsito, é também, e não menos assustador, sua indiferença, seu descaso para
com a vida dessas pessoas. Vale dizer que, em caso de ocorrências que produzam
vítimas, estas, dificilmente, encontrarão hospitais devidamente equipados de
modo a lhes reduzir o perigo de morte.
A vulnerabilidade nessas
previsíveis circunstâncias se deve, exatamente, à indiferença e descaso do
governo para com a vida das pessoas, personagens dessa realidade. Pois, se os
QUEBRA-MOLAS forçam o (a) motorista a reduzir a velocidade, reduzindo a, quase,
ZERO as chances de acidentes, a ausência dos mesmos poderá inverter a situação,
drasticamente.
Mas o governo não se
prende ao descaso para com a vida, ele agora se diverte, agora ele inverte seu
papel de “protetor da sociedade”. Ele troca a segurança do pedestre e, também, do
(a) motorista pelo que conseguir arredar/arrancar do bolso deste (a), pois ele,
o governo, trocou o QUEBRA-MOLA pelo RADAR. O QUEBRA-MOLA limita a velocidade,
evita acidentes, mas não arrecada, o RADAR, ao contrário, libera a velocidade,
libera a possibilidade de acidentes, mas garante uma possível nova fonte de
arrecadação para o governo.
Independente de
qualquer situação, sempre pensei o governo como o “grande pai”. Normalmente, um
pai cuida, protege, e se chega ao extremo de impor alguma correção ao filho, o
intuito é corrigi-lo, exatamente, para que o Estado não venha puni-lo, até com
a morte, conforme as mídias têm noticiado, ou seja, um pai jamais permitirá que
a vida de seu filho seja colocada em perigo. Um pai, em sã consciência, não se
alimenta da punição ao filho, portanto, olhando por esse ângulo, não poderia
continuar pensando como antigamente. Isto é, de pai, o governo só tem o poder
sobre nós, ou melhor, o arbítrio.
Mas de qualquer forma,
ainda acho que o governo deveria ampliar a segurança dos (as) motoristas e
pedestres, diminuindo ao máximo, não apenas os riscos às suas vidas, mas também
os meios de reduzir suas tão sofridas e já minguadas receitas.
No entanto, a ânsia por
cobrar multas traduz um lado tragicômico do governo. A multa será aplicada em
caso de qualquer velocidade superior à das placas, ok, mas a ausência do
QUEBRA-MOLA, na prática, dissimula uma falsa liberdade à velocidade, o que se
assemelha a uma ratoeira para pegar multas, expondo vidas à ameaça de possíveis
acidentes. O lucro com as multas compensa os acidentes, as mortes, os custos
sociais, em resumo: A MULTA PAGA/COMPENSA A TRAGÉDIA?
Assim, o governo
mostra, também, sua disposição e preferência por punir, no mínimo ameaçar, motoristas
e pedestres com multas, acidentes, queira Deus não seja com a morte, em vez de
educá-los e protegê-los, como se supunha fosse o compromisso de um (a)
governante sério (a) perante seu país.