segunda-feira, 8 de outubro de 2018

o texto


https://www.google.com.br/search?biw=1366&bih=626&tbm=isch&sa=1&ei=RvW7W6DKO4KkwATgsImADw&q=bolas+de+papel&oq=bolas+de+papel&gs_l=img.3..0l10.18849.22161.0.23036.14.11.0.3.3.0.179.1310.0j8.8.0....0...1c.1.64.img..3.11.1328...35i39k1j0i67k1.0.IDl3SrYVxrg#imgrc=AIuPpql06LjP4M:



eu amassei meu texto,
atirei-o ao chão e o pisei,
chutei-o,
peguei-o de volta,
amassei-o e amassei-o,
briguei com ele,
joguei-o na parede,
repisei-o, incansavelmente,
senti raiva,
mas ele estava lá, imperturbável,
eu o sentia rir,
e na verdade, eu chorava,
eu o amava como o diabo à cruz,
queria destruí-lo;
olhei-o cansado das tentativas,
já não sentia nada;
estiquei o papel,
li-o e reli-o
nem um pingo de emoção,
eu morria,
rasguei-o em pedacinhos de texto,
atirei-os ao vento
eu senti seu voo sobre mim;
percebi que não se destrói um texto.


Um comentário:

  1. Muito bom este texto.
    Os dias passam , mas a historia nos acompanham, mesmo sem esperar poderá voltar,reconstruir e trazer fortes emoções.Pois a vida é um livro que escrevemos a cada dia um fragmento, tem página que tentamos rasgar, esmagar, jogar fora , mas não é possível porque um papel escrito fica sempre a marca que não conseguimos apagar. Em razão disso o tempo mostra respostas e esclarece dúvidas.

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