quinta-feira, 18 de maio de 2017

CARTA AO (À) MOTORISTA BRASILEIRO (A)


     Olá motoristas de todo o Brasil, por onde quer que vocês andem, onde quer que vocês estejam que voltem em paz para casa.
     Através desta, eu quero compartilhar com vocês minhas experiências e angústias adquiridas e sofridas a cada quilômetro rodado, e são poucos, especialmente, nas estradas federais do Brasil, claro, o que não isenta as estaduais nem municipais.
     Observando as mudanças impostas ao trânsito, em todos seus aspectos, é assustador o que se pode constatar: quer o abandono das estradas, quer a fome insaciável do governo por tirar dinheiro dos (as) motoristas em nome da arrecadação, quer o descaso, quase criminoso, para com a vida dos (as) motoristas, dos pedestres, dos familiares de ambos e de todas as pessoas que, direto ou indiretamente, usam o trânsito como meio de vida ou de alguma forma precisam interagir com ele.
     Nesta carta, não pretendo nem poderia falar de toda a investida do governo, ou de sua ausência, contra quem trabalha ou vive do trânsito, vou focar, especialmente, em um ponto que atinge a qualquer pessoa que dirige pelas estradas federais, profissionalmente, ou não.
     Ainda não faz muito tempo, os trechos próximos às áreas urbanas, diga-se, perímetros urbanos, eram protegidos contra os acidentes causados por excessos de velocidade, por respeitáveis/respeitados “QUEBA-MOLAS”, que impediam que motoristas, desavisados (as) ou irresponsáveis, atropelassem pessoas e/ou animais, impondo sérios danos a suas vidas e ao Estado que ficava com o custo dos tratamentos.
     Pois bem, já um pouco mais recente, o governo federal, demonstrando todo seu descaso, beirando ao sadismo, para com as pessoas e suas vidas, retira/reduz os “QUEBRA-MOLAS” dos perímetros urbanos, expondo motoristas, pedestres e animais a uma situação, na melhor das hipóteses, de extrema/grande vulnerabilidade. Pois, com a retirada/redução do “QUEBRA-MOLA” os pedestres terão que se reeducar, os animais, que eventualmente, passam por ali, esses não, esses poderão, possivelmente, ser atropelados, e assim se estabelecer situações de risco à vida, quer do animal, pedestre ou motorista; quem ganha o que, com isso?
     Quanto mais fundo, uma faca ou uma bala atingir um corpo animal vivo, maior poderá ser essa tragédia, concorda? Pois bem. A perspicácia com que o governo federal afunda a mão no bolso do trabalhador assusta os grandes pensadores da indústria do crime do assalto. E não é apenas a coragem assustadora de investir contra o boldo do trabalhador do trânsito, é também, e não menos assustador, sua indiferença, seu descaso para com a vida dessas pessoas. Vale dizer que, em caso de ocorrências que produzam vítimas, estas, dificilmente, encontrarão hospitais devidamente equipados de modo a lhes reduzir o perigo de morte.
     A vulnerabilidade nessas previsíveis circunstâncias se deve, exatamente, à indiferença e descaso do governo para com a vida das pessoas, personagens dessa realidade. Pois, se os QUEBRA-MOLAS forçam o (a) motorista a reduzir a velocidade, reduzindo a, quase, ZERO as chances de acidentes, a ausência dos mesmos poderá inverter a situação, drasticamente.
     Mas o governo não se prende ao descaso para com a vida, ele agora se diverte, agora ele inverte seu papel de “protetor da sociedade”. Ele troca a segurança do pedestre e, também, do (a) motorista pelo que conseguir arredar/arrancar do bolso deste (a), pois ele, o governo, trocou o QUEBRA-MOLA pelo RADAR. O QUEBRA-MOLA limita a velocidade, evita acidentes, mas não arrecada, o RADAR, ao contrário, libera a velocidade, libera a possibilidade de acidentes, mas garante uma possível nova fonte de arrecadação para o governo.
     Independente de qualquer situação, sempre pensei o governo como o “grande pai”. Normalmente, um pai cuida, protege, e se chega ao extremo de impor alguma correção ao filho, o intuito é corrigi-lo, exatamente, para que o Estado não venha puni-lo, até com a morte, conforme as mídias têm noticiado, ou seja, um pai jamais permitirá que a vida de seu filho seja colocada em perigo. Um pai, em sã consciência, não se alimenta da punição ao filho, portanto, olhando por esse ângulo, não poderia continuar pensando como antigamente. Isto é, de pai, o governo só tem o poder sobre nós, ou melhor, o arbítrio.
     Mas de qualquer forma, ainda acho que o governo deveria ampliar a segurança dos (as) motoristas e pedestres, diminuindo ao máximo, não apenas os riscos às suas vidas, mas também os meios de reduzir suas tão sofridas e já minguadas receitas.
     No entanto, a ânsia por cobrar multas traduz um lado tragicômico do governo. A multa será aplicada em caso de qualquer velocidade superior à das placas, ok, mas a ausência do QUEBRA-MOLA, na prática, dissimula uma falsa liberdade à velocidade, o que se assemelha a uma ratoeira para pegar multas, expondo vidas à ameaça de possíveis acidentes. O lucro com as multas compensa os acidentes, as mortes, os custos sociais, em resumo: A MULTA PAGA/COMPENSA A TRAGÉDIA?
     Assim, o governo mostra, também, sua disposição e preferência por punir, no mínimo ameaçar, motoristas e pedestres com multas, acidentes, queira Deus não seja com a morte, em vez de educá-los e protegê-los, como se supunha fosse o compromisso de um (a) governante sério (a) perante seu país.








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